sábado, 26 de dezembro de 2009

Implantes Tecnológicos: Mente e máquina agora juntos

Por Grazziani Colombo

Os implantes tecnológicos já ajudam paralíticos e surdos. A possibilidade de que no futuro ampliem a capacidade cerebral reabre o debate ético

Se a história universal ou a mecânica quântica já cabem em um “pen drive”, por que não podemos enfiar o pen drive diretamente em nosso cérebro? Assim poderíamos adquirir esses conhecimentos de forma instantânea. Com conexões diretas semelhantes, talvez pudéssemos nos enxertar uma espécie de Google na cabeça para buscar em nossa memória, ou ampliar nossa inteligência acoplando-a às modernas redes neurais e outros programas que aprendem com a experiência.

Esses casos concretos de interface mente-máquina ainda pertencem ao campo da ficção científica. Mas há outros que caminham entre nós e que já servem para examinar muitos dos problemas - técnicos e éticos - que previsivelmente decorrerão do futuro desenvolvimento dessas técnicas. Jens Clausen, do Instituto de Ética e História da Medicina da Universidade de Tübingen, Alemanha, analisa a questão na revista “Nature” e respondeu na semana passada às perguntas de El País.

“Discutir o acoplamento entre mente e máquina é tão velho quanto o filme ‘Metropolis‘”, diz Clausen. “O novo é que a conexão de um cérebro humano com um computador através de microeletrodos implantáveis é hoje uma opção científica real.”


A forma mais difundida dessas interfaces diretas são os implantes de cóclea no ouvido interno (imagem ao lado), usados para ajudar as pessoas surdas. Um microfone capta os sons e os envia para um pequeno computador, que contém um sistema processador de fala. O sinal processado é enviado para um receptor na cóclea, no ouvido interno, que estimula diretamente os neurônios do nervo auditivo que se comunicam com o cérebro.


Se isso ainda não parece uma interface mente-máquina, começará a parecer em pouco tempo. “As pessoas que têm o nervo auditivo danificado não podem se beneficiar desse sistema”, diz Clausen, “e já entraram em testes clínicos dispositivos semelhantes que, em vez da cóclea, são implantados diretamente nas áreas acusticamente relevantes do cérebro.” No fundo, a diferença são alguns poucos centímetros.

Outro caso são os integrantes de painéis de microeletrodos na retina dos cegos. Os sistemas que foram testados têm uma resolução muito parcial, mas mesmo assim bastam para que os pacientes evitem um galho de árvore quando andam pela rua, por exemplo, e também para distinguir entre um prato e um copo, ou para saber para onde estão se movendo os objetos à sua frente.

Esses eletrodos costumam receber os sinais de câmeras sem fio acopladas aos óculos, e depois os transmitem diretamente para os neurônios do nervo ótico. Dali chegam ao córtex visual primário, situado junto à nuca. Seu principal objetivo foi até agora os pacientes de retinite pigmentosa, um conjunto de enfermidades congênitas que causam cegueira através da degeneração das células fotorreceptoras da retina.

Mas, assim como com os implantes cocleares, os cientistas já estão testando versões que se conectam diretamente às áreas visuais do córtex cerebral. Só essas variantes poderão ajudar as pessoas que, diferentemente dos pacientes de retinite pigmentosa, tenham danificado o próprio nervo ótico.

A estimulação profunda do cérebro (”deep brain stimulation”, ou DBS, em inglês) já foi utilizada em cerca de 30 mil pacientes de Parkinson no mundo (imagem abaixo). Um pequeno computador subcutâneo envia sinais elétricos para eletrodos implantados profundamente no cérebro, para estimular os núcleos subtalâmicos afetados pela doença.

A técnica começa a ser estendida às fases mais precoces do Parkinson, e suas variantes estão sendo examinadas para o tratamento de outras doenças neurológicas.

Talvez as aplicações que mais se aproximam do futuro são as que permitem a um animal cobaia - e ocasionalmente um voluntário humano - mover objetos, membros mecânicos ou o cursor de um computador com a mente: quer dizer, só de pensar ou imaginar uma ação dentro de sua cabeça.


Em seres humanos isso foi testado com técnicas não invasivas, como um capacete eletroencefalográfico que capta as grandes ondas cerebrais, mas a precisão obtida é muito maior com eletrodos implantados no cérebro.

A implantação de eletrodos nas áreas motoras do córtex (as que normalmente dirigem os movimentos do corpo) está sendo testada há tempo em macacos e inclusive em pacientes humanos paralisados. Em alguns experimentos avançados com macacos, os movimentos são quase tão rápidos e precisos quanto os de um braço normal.

Um aspecto importante dessas últimas pesquisas é que os neurônios exatos acionados pelos eletrodos (entre 18 e 64, segundo o experimento) são selecionados ao acaso. Isso implica que, se o experimento funcionar, não é porque os cientistas conseguiram conectar a um computador o circuito neuronal exato que normalmente dirige esses movimentos (que, entre outras coisas, não se conhece, e provavelmente inclui vários milhões de neurônios, e não 18). Simplesmente o macaco aprende a modular a atividade dos 18 neurônios que acionaram mais ou menos ao acaso.


“Os avanços recentes nas neurociências, junto com a progressiva miniaturização dos sistemas eletrônicos, estão tornando possível a conexão de componentes técnicos às estruturas cerebrais”, diz Clausen. “É uma grande promessa para as pessoas paralisadas, porque representa a possibilidade de superar a lesão neurológica, onde a transmissão dos sinais do cérebro aos músculos é interrompida.”

A ideia por enquanto é que os sinais cerebrais sejam usados para movimentar pernas ou braços mecânicos. Mas o cientista não descarta a possibilidade de que “algum dia, no futuro, esses avanços possam restaurar o controle motor dos próprios membros naturais”.

Ninguém coloca objeções éticas à conexão entre cérebro e máquina quando o que se pretende é tratar uma doença ou melhorar as condições de vida das pessoas cegas, surdas ou paralisadas por um acidente. Outra questão é aplicar essas técnicas à melhora das capacidades naturais da mente humana, como nos exemplos futuristas do primeiro parágrafo.

Um primeiro problema, embora pareça trivial, é que seria preciso experimentar com pessoas saudáveis. Isso é comum nos testes clínicos de fase 1 (onde não se põe à prova a eficácia de um medicamento, mas sua segurança), mas os riscos de algumas intervenções cerebrais são altos demais para justificar seu uso em um voluntário são, pelo menos na atualidade.

Além disso, como essas tecnologias são bastante novas, seus efeitos em longo prazo são uma incógnita. O risco de sofrer um dano cerebral causado pela intervenção cirúrgica não compensaria os benefícios hipotéticos que uma pessoa sã poderia tirar de uma pesquisa desse tipo.

“Usar uma técnica com o objetivo explícito de melhorar as qualidades humanas envolve maiores exigências de segurança que sua aplicação médica”, explica Clausen. “No segundo caso, os riscos são aceitos em troca de melhorar a saúde ou mesmo de salvar a vida; mas esses mesmos riscos seriam inaceitáveis no primeiro.”

Nos dispositivos controlados pelo cérebro - como as atuais próteses mecânicas -, os sinais emitidos pelos neurônios devem ser interpretados, ou decodificados, por um computador antes de poderem ser lidos pelo membro artificial. A função do computador é prever os movimentos que o usuário quer executar. E todo sistema de previsão tem suas falhas.

“Isso conduzirá a situações perigosas, ou no mínimo embaraçosas”, prevê o cientista alemão. “Quem é responsável por um ato involuntário? Foi culpa do computador ou do cérebro? O usuário precisará de uma carteira de motorista e um seguro obrigatório para conduzir uma prótese?”

Esses problemas são, na realidade, semelhantes aos que a indústria do automóvel se coloca em relação aos dispositivos automáticos de condução. Também lembram as discussões jurídicas provocadas pela genética e as neurociências. Mas as tentativas de atribuir a responsabilidade penal por um comportamento belicoso aos genes do acusado ou a seus circuitos cerebrais não tiveram êxito em nenhum tribunal.

“Os seres humanos costumam manipular ferramentas tão perigosas e imprevisíveis quanto os carros e as pistolas”, diz Clausen. “A interface entre cérebro e máquina é um caso altamente sofisticado de uso de ferramentas, mas não deixa de ser um caso. Aos olhos da lei, a responsabilidade não deveria ser muito mais difícil de esclarecer.”

Outro campo de preocupação é que as máquinas possam mudar o cérebro. Por exemplo, embora a estimulação com eletrodos ajude pacientes de Parkinson que não respondem aos tratamentos farmacológicos, também apresenta uma maior incidência de efeitos secundários psiquiátricos, mudanças de personalidade e suicídios.

Mas isso tampouco é uma peculiaridade dessas tecnologias. Em 2004, por exemplo, a agência de alimentos e drogas dos EUA (FDA) fez que os prospectos de alguns antidepressivos fizessem constar certo aumento do risco de suicídio em adolescentes e nas primeiras fases do tratamento, associado ao uso desses fármacos. O habitual nesses casos não é renunciar aos tratamentos, mas sopesar os riscos e benefícios, informar, prevenir e respeitar as decisões autônomas que o paciente toma.

Há outras fontes de conflito ético que são mais inesperadas, como o das pessoas da comunidade surda que recusam os transplantes de cóclea. Essas pessoas não consideram a surdez uma incapacidade, mas uma espécie de “identidade cultural”. Para elas, portanto, os implantes são um caso de tecnologia a serviço da melhora das qualidades humanas naturais.

Um caso extremo desse conceito de mundo veio à luz em 2006, quando Sharon Duchesnau e Candace McCullough, duas mulheres homossexuais e surdas de nascimento, escolheram o sêmen de um doador surdo para que seus filhos também o fossem, acrescentando que a surdez é só uma forma diferente de normalidade.

O filósofo Peter Singer comentou sobre esse caso:

“Os adultos podem, se esse for seu desejo, optar por tapar os seus ouvidos e utilizar a linguagem de sinais, mas estas mães estão escolhendo deliberadamente reduzir as possibilidades que estariam abertas a seus filhos”. E acrescentou: “Privaram seus filhos de uma capacidade, a de ouvir, que quase todo mundo valoriza. Elas alegam que a surdez é só uma forma diferente de normalidade, mas dizer que a capacidade de ouvir é neutra parece equivocado, pois é melhor ter mais sentidos do que viver sem eles. Sem esse sentido não podemos ouvir cantar os pássaros no bosque, nem a música de Beethoven, nem um grito avisando-nos de um perigo.”

A polêmica sobre a surpreendente decisão desse casal desencadeou um debate ético em todo o mundo que ainda parece estar muito longe de terminar.

Fonte: Javier Sampedro por El Pais. Tradução por

Hospital é credenciado a fazer implante pelo SUS, e entidade critica cirurgia

MONTES CLAROS - A cirurgia para implantação do denominado “ouvido biônico” em portadores de deficiência auditiva está causando polêmica em Montes Claros, no Norte de Minas. O Ministério da Saúde autorizou a realização de implante coclear em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e credenciou o Hospital Dilson Godinho de Quadros a prestar o serviço de alta complexidade. No entanto, a Associação dos Surdos de Montes Claros (Asmoc) se opõe à iniciativa, alegando que o procedimento é “agressivo”.
Além do Dilson Godinho,em Montes Claros, o Governo federal credenciou mais três instituições no Estado: Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte; Samaritano, em Governador Valadares; e Maria José Baeta Reis, em Juiz de Fora. Esses serão os primeiros municípios a poder realizar a cirurgia na rede pública em Minas Gerais. O procedimento auxilia na recuperação da audição de pacientes com surdez, por meio da implantação de uma prótese conhecida como “ouvido biônico”.

O Ministério da Saúde vai repassar R$ 4,4 milhões por ano para o custeio do novo serviço. A estimativa é a de que sejam feitas até 96 cirurgias por ano, nos quatro hospitais. No implante coclear, um aparelho computadorizado é colocado dentro da cóclea, na parte interna do ouvido. Ele capta os sons e os transforma em sinal elétrico, que é interpretado no cérebro como estímulo sonoro. Além desse dispositivo, o equipamento conta com um processador de fala que fica fora do ouvido.
De acordo com especialistas, o funcionamento desse equipamento difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual, pois possibilita ao usuário perceber o som, e não simplesmente aumentá-lo. Ele deverá ser utilizado por pacientes que obtêm pouco ou nenhum benefício com a Amplificação Sonora.
“Esse processo traz nova perspectiva para os portadores de deficiência auditiva. O equipamento permite que pessoas que nunca ouviram ou deixaram de ouvir recuperem a audição”, afirma a coordenadora de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, Maria Inez Gadelha.

O implante coclear começou a ser feito pelo SUS em 2000 e, atualmente, 11 unidades no país estão autorizadas a realizar o procedimento. De acordo com dados do ministério, no ano passado, houve 417 implantes na rede pública e, de 2000 a setembro deste ano, já foram feitas 2 mil cirurgias. O órgão repassa R$ 91.600 para o atendimento de cada paciente. Além do custeio da cirurgia, o valor inclui o preparo do portador de deficiência, com testes de próteses auditivas, avaliação fonoaudiológica e reabilitação.

A portaria que autoriza o hospital de Montes Claros a realizar o procedimento foi assinada no dia 25 de novembro, pelo secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, em solenidade que contou com a participação do deputado federal José Saraiva Felipe, ex-ministro da Saúde, e do médico montes-clarense Odilio Ribeiro Mendes.
Saraiva Felipe afirma que o serviço alia capacitação de equipe médica e tecnologia de ponta, vai reduzir a fila de pacientes e evitará o deslocamento para São Paulo, onde a cirurgia já era realizada pelo SUS. “Temos profissionais altamente qualificados e o credenciamento é uma antiga reivindicação nossa”, alega.

De acordo com o médico otorrinolaringologista Odílio Ribeiro Mendes, o implante coclear é indicados para portadores de surdez neurossensorial de severa a profunda, decorrente de fatores como surdez congênita, doenças genéticas ou o próprio processo natural de envelhecimento, “quando os aparelhos auditivos clássicos não apresentam resultados satisfatórios”.

A diretora da Associação dos Surdos de Montes Claros, Veronicia Andressa Leite, professora do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento aos Surdos, afirma que o “ouvido biônico” é polêmico, pois muitos especialistas seriam contra a cirurgia, por considerá-la agressiva.

Segundo ela, muitos portadores de deficiência auditiva consideram o implante uma imposição e se recusam a fazê-lo. “Só uma associada da entidade fez a cirurgia”, alega. Veronicia Leite diz que dados da Unicef apontam que 1,5% da população tem surdez, e Montes Claros conta com cerca de 4.200 portadores.


http://www.hojeemdia.com.br/

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ESCOLA IDEAL/ SEGURANÇA E AUTONOMIA


Clic na imagem e visualize melhor o desenho de uma escola ideal por Meire Cavalcante retirada da revista Nova Escola edição especial.ou entre em
http://revistaescola.abril.com.br/img/matematica/seguranca-autonomia.pdf

sábado, 19 de dezembro de 2009

PARA TRABALHAR MATEMÁTICA COM SURDOS

JOGOS MATEMÁTICOS UMA DAS FORMAS MAIS EFICAZES
PARA TRABALHAR MATEMÁTICA COM SURDOS

Dentre os teóricos que contribuíram para o jogo se tornar uma proposta metodológica –
com base científica – para a educação matemática, destaca as contribuições de Piaget e
Vygostsky. Mesmo com algumas divergências teóricas, estes autores defendem a participação
ativa do aluno no processo de aprendizagem. A principal questão é a que separa os enfoques
cognitivos atuais entre o desenvolvimento e a concepção de aprendizagem. Segundo Piaget, a
atividade direta do aluno sobre os objetos do conhecimento é o que ocasiona aprendizagem –
ação do sujeito mediante o equilíbrio das estruturas cognitivas, o que sustenta a aprendizagem
é o desenvolvimento cognitivo.
A aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento. Nesta concepção de
aprendizagem "... o jogo é elemento do ensino apenas como possibilitador de colocar o
pensamento do sujeito como ação. O jogo é o elemento externo que irá atuar internamente no
sujeito, possibilitando-o a chegar a uma nova estrutura de pensamento" (Moura, 1994, p. 20).
Dependendo do papel que o jogo exerce na construção dos conceitos matemáticos, seja como
material de ensino, seja como o de conhecimento feito ou se fazendo, tem as polêmicas
teóricas entre os autores. Na concepção Piagetiana, o jogo assume a característica de
promotor da aprendizagem da criança. Ao ser colocado diante de situações de brincadeira, a
criança compreende a estrutura lógica do jogo e, conseqüentemente, a estrutura matemática
presente neste jogo.
A operacionalização e análise destas idéias podem ser feitas em Kami & Declark
(1994, p. 169). Segundo essas autoras, os "jogos em grupo fornecem caminhos para um jogo
estruturado no qual eles [os alunos] são intrinsecamente motivados a pensar e a lembrar as
combinações numéricas. Jogos em grupo permitem também que as crianças decidam qual
jogo elas querem jogar, quando e com quem. Finalmente, esses jogos incentivam interação
social e competição". Para Vygotsky, o jogo é visto como um conhecimento feito ou se fazendo,
que se encontra impregnado do conteúdo cultural que emana da própria atividade. Seu uso
requer um planejamento que permite a aprendizagem dos elementos sociais em que está
inserido (conceitos matemáticos e culturais).
O jogo desempenha um papel importantíssimo na Educação Matemática. "Ao permitir a
manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente,
a função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança" (Kishimoto, 1994, p. 22).
Através do jogo, temos a possibilidade de abrir espaço para a presença do lúdico na escola,
não só como sinônimo de recreação e entretenimento. Muito mais do que um simples material
instrucional, ele permite o desenvolvimento da criatividade, da iniciativa e da intuição. Enfim, do
prazer, elemento indispensável para que ocorra aprendizagem significativa. Ensinar
matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a
criatividade e a capacidade de resolver problemas.
Para ler na integra este texto:www.pr.senai.br/.../Jogos_Matemáticos%5B23430%5D.pdf

Idéias para ensinar português para alunos surdos acesse:

Idéias para ensinar português para alunos surdos acesse:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf

Bjs da Equipe "Cidadão Independênte"!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

PRIMEIRO DIA DE AULA DE UM ALUNO SURDO

A sugestão é de considerar que o aluno está começando seu ano letivo.

Aluno 16 anos, 1º ano do Ensino Médio, masculino.

Na semana de planejamento que temos na escola a supervisão nos comunicou que teríamos um aluno surdo no 1º ano do Ensino Médio, e disse que ele não sabe libras. Fiquei preocupada, por que não tivemos nenhuma preparação para trabalhar com alunos surdos, mas comecei a pesquisar como poderia trabalhar com esse aluno, e verifiquei que não seria tão fácil, pois, não temos uma interprete para os alunos surdos na escola.
No primeiro dia de aula iria apresentá-lo a turma, fazendo a interação entre todos os alunos e pedir a colaboração dos colegas que mais se identificar com ele para auxiliá-lo sempre que possível. Procurar falar devagar para que ele possa fazer a leitura labial, usar alguns sinais e exemplos escritos no quadro, para melhor compreensão. Combinar com o aluno surdo que se sente na primeira carteira e de preferência em uma das filas do meio.

As estratégias ou alternativas utilizadas serão diferenciadas dos demais alunos.

 Averiguar quais os tipos de linguagem que o aluno surdo utiliza (oral, escrita, língua de sinais, gestos padronizados, leitura labial, entre outros), para facilitar a comunicação entre docente e aluno;
 Durante as aulas o professor deverá fazer suas explanações; Sempre de frente para o surdo, falando nem muito rápido, nem muito devagar com movimentos labiais adequados, articulando corretamente os fonemas. Nunca dar explicações de costas e escrevendo na lousa, bem como, não caminhar na sala enquanto realiza explicações;
 Explanar as aulas de forma expositiva utilizando recursos gráficos e visuais, como: cartazes, gravuras, fotos e outros. A visão é considerada a principal via de aprendizado e informação do aluno surdo e o uso de materiais concretos facilitarão o aprendizado.
 Procurar incluí-lo sempre que houver trabalhos em grupos.
 Elaborar provas diferenciadas dos demais alunos utilizando perguntas sucintas e objetivas com vocabulário claro e com sinônimo de palavras (ou dicionário) que facilitem a compreensão, porem não alterando o conteúdo;
 Para uma melhor comunicação, utilizar expressão facial e corporal significativas;
 A participação da família ajuda em qualquer caso, mas, se o aluno é surdo, a conversa precisa ser mais constante e aprofundada. Descubra como é a comunicação em casa, desde a linguagem utilizada até o que mais chama a atenção da criança.
 Converse com outros docentes do aluno, de disciplinas diferentes ou anos anteriores. Procure repetir experiências de sucesso e pergunte também o que não funcionou para evitar os mesmos erros. Busque exemplos em outras unidades de ensino.
Essas são apenas algumas orientações que devemos seguir, existem outras e estarão disponíveis no blog.(http://surdoindependente.blogspot.com/)

ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO COM ALUNOS SURDOS

Prezado professor:

Aqui você encontrará algumas orientações para o trabalho com alunos surdos, em sala de aula.

Lembre-se que a falta de audição no aluno proporciona alterações na linguagem oral e escrita às quais deverão ser consideradas. As estratégias ou alternativas utilizadas serão diferenciadas dos demais alunos.

Ø Averiguar quais os tipos de linguagem que o aluno surdo utiliza (oral, escrita, língua de sinais, gestos padronizados, leitura labial, entre outros), para facilitar a comunicação entre docente e aluno;

Ø Informar o aluno quanto ao uso do aparelho auditivo, reforçando sobre a importância de usá-lo nas aulas, para facilitar seu aprendizado;

Ø Durante as aulas o professor deverá fazer suas explanações; Sempre de frente para o surdo, falando nem muito rápido, nem muito devagar com movimentos labiais adequados, articulando corretamente os fonemas. Nunca dar explicações de costas e escrevendo na lousa, bem como, não caminhar na sala enquanto realiza explicações;

Ø Na sala de aula, combinar com o aluno surdo que se sente na primeira carteira e de preferência em uma das filas do meio;

Ø O conteúdo e materiais referentes à disciplina deverão ser entregues ao aluno pelo professor no inicio de cada bimestre/ semestre, ou com antecedência para que possa se organizar antecipadamente e receber apoio;

Ø Realizar antecipadamente as anotações importantes na lousa, incluindo comunicação externa e interna (datas das provas, entrega de trabalhos, cursos, outros cronogramas, etc.) revendo se o aluno sua agenda diariamente.

Ø Explanar as aulas de forma expositiva utilizando recursos gráficos e visuais, como: cartazes, gravuras, fotos e outros. A visão é considerada a principal via de aprendizado e informação do aluno surdo e o uso de materiais concretos facilitaram o aprendizado, uma vez que conteúdos abstratos dificultam o processo.

Ø Procurar incluí-lo sempre que houver trabalhos em grupos, pois, ele se sente, muitas vezes, envergonhado e rejeitado perante os demais.

Ø Elaborar provas diferenciadas dos demais alunos utilizando perguntas sucintas e objetivas com vocabulário claro e com sinônimo de palavras (ou dicionário) que facilitem a compreensão, porem não alterando o conteúdo;

Ø No processo de avaliação, respeitar a forma de escrita do aluno surdo, levando em consideração a não adequação dos verbos, artigos, pronomes, concordância, entre outros e considerando o conteúdo existente, ex. na frase “O uso de instrumentos adequados, favorece a compreensão e facilita a aprendizagem”, é de se esperar que o surdo escreva:” Instrumentos o uso compreensão e aprendizado”.

Ø Criar estratégias diferenciadas para avaliar proporcionando ao aluno surdo expressar por meio de sinais, gestos, mímicas, LIBRAS, desenhos, escrita, entre outros. A avaliação pode ser diferenciada dos demais alunos ouvintes, sendo necessário reduzir o numero de questões dissertativas e diferenciando o peso das questões sem, contudo alterar o conteúdo, buscando adequar “necessidade do aluno surdo”;

Ø Ao utilizar recursos áudio – visuais (TV, Vídeo, DVD), apresentar somente legendado, pois o aluno surdo não apresenta percepção auditiva, necessitando exclusivamente de apoio visual. Caso não seja legendado deverá ser feito resumo escrito do filme e/ ou documentário para ser entregue ao aluno;

Ø Ao chamar a atenção do aluno não realizar sons drásticos (batidas na mesa e na lousa) para evitar fadiga auditiva, sendo que a prótese auditiva tem como objetivo amplificar o som, causando assim, um desconforto auditivo para o aluno surdo, assim se precisar falar com um surdo, chamar a atenção dele tocando levemente o seu ombro;

Ø Procurar demonstrar interesse pela sua dificuldade, porem, jamais facilitar, dispensar das atividades ou não cobrar suas obrigações.

Ø O interprete ou tradutor (no caso de haver) atuará como mediador entre o docente e o aluno, tanto na comunicação oral quanto na escrita. O interprete é importante para o acompanhamento do aluno surdo, porém, a comunicação entre o docente e o aluno surdo sempre deverá ocorrer;

Ø Quando não entender o que um surdo está falando, solicitar repetição e se for preciso escrever, desenhar e/ou mostrar gravuras e objetos concretos. O mais importante é que haja comunicação;

Ø Para uma melhor comunicação, utilizar expressão facial e corporal significativas;

Ø Na presença de um surdo nunca falar dele, já que não pode escutar, prestará muita atenção aos gestos que poderão organizar conclusões errôneas;

Ø Estimular para que todos os alunos falem com o surdo objetivando sua maior integração com os colegas;

Ø Integrá-lo nas atividades acadêmicas juntamente com os demais alunos;

Ø Observar se o aluno surdo está atento antes de iniciar uma comunicação oral com ele, caso contrário chame sua atenção, tocando-ó levemente.

TODO SURDO GOSTA QUANDO SE TENTA CONVERSAR COM ELE.

EXPERIMENTE.



Sala de Recursos – DA

Fone: 3355 6073


Aplicativo de celular facilita comunicação entre surdos-mudos

Estudantes e professores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, lançaram um aplicativo para celulares que permite facilitar a vida dos usuários surdos-mudos que precisam se comunicar.

Até pouco tempo essas pessoas só tinham à disposição as mensagens de texto e as transmissões em vídeo eram prejudicadas devido o pequeno tamanho da tela.

O Mobile ASL usa a tecnologia 3G (internet rápida sem fio) para transmitir videoconferências entre surdos-mudos com um sistema que comprime o vídeo e destaca ao usuário as partes mais importantes do corpo dessas pessoas durante a comunicação, ou seja, as mãos e o rosto usados durante a linguagem de sinais.


Assim, todo o restante da imagem é sutilmente desfocado, ficando com menor resolução na tela. Os pesquisadores dizem que isso evita o descarregamento rápido da bateria, uma das desvantagens das longas transmissões de vídeo via celular.
O projeto começou há quatro anos e 25 americanos surdos-mudos estão testando o programa.

http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/pesquisadores-lancam-aplicativo-de-celular-para-surdos-mudos-20091210.html

J OGOS PARA UMA TURMA HETEROGÊNEA

Gramática:

Faça jogos com fichas sobre questões gramaticais com respostats alternativas e destaque a correta. O adversário lê a pergunta e vê a resposta certa.Quem errar perde a vez. Se a criança surda não souber ler lábios, peça para que um aluno escrever as questões num papel ou no quadro. Outra brincadeira pode ser feita recortando períodos ou frases de um texto e embaralhando-os. As crianças devem ordená-los, treinando a sequência lógica e o uso de palavras que fazem a ligação entre os trechos.

Para se saber se o aluno surdo entedeu um texto, peça que ele desenhe período por péríodo. Isso mostra quais palavras se perderam ou não foram entendidas.Faça também perguntas que remetam aos elementos da sentença: Quem? O que? Onde? Assim, o aluno aprende a conjugação verbal e o uso de preposições, artigoa e conjunções.

OBJETOS VARIADOS AJUDAM A ENSINAR

A professora Silvana Maria, de Florianópolis, levou um susto quando soube que receberia quatro alunos surdos. Hoje, ela não só ensina para os estudantes com deficiência como também aplica parte da metodologia diferenciada, enriquecida por materiais diversos, nas salas só com ouvintes. "As dificuldades dos outros meninos são iguais. Apenas achei mais uma forma de resolvê-las".

Passado o receio inicial, Silvana percebeu com o tempo que quase tudo precisava ser adaptado: a postura, a maneira de falar, a avaliação e, principalmente, os materiais. "Uma pessoa que cresceu sem escutar aprende por observação. Ela precisa ver, montar e perceber os conceitos de forma concreta", diz Roseli. Foi assim, com aulas visuais e exemplos palpáveis, que conseguiu lecionar. Usou material emborrachado, quadrados, cubos, jogos, dados e desenhos. Ensinou adição com objetos que se agrupavam. Para a multiplicação, dividiu os próprios alunos da sala em quadrados desenhados no chão: três turmas de quatro igual a 12, cinco grupos de cinco crianças resultavam em 25. As frações foram entendidas com círculos desenhados na mesa em formato de pizza: com dois pedaços do total de oito, se faz um quarto. Até a probabilidade ficou mais fácil com uma boneca de papel e várias roupas para combinar.

No entanto, mesmo com materiais diferenciados e maior número de explicações orais, um cuidado essencial deve ser tomado para garantir um trabalho de sucesso. O educador precisa se policiar para não fazer duas versões da aula - uma para os alunos que escutam e outra para os deficientes auditivos. Como explica Ronice Muller, coordenadora do primeiro curso de licenciatura Letras-Libras do país, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a base da inclusão é a integração total entre os alunos. "A escola deve se tornar bilíngue. Os colegas têm de aprender Libras, afinal, no futuro, eles vão falar com os surdos inclusos na sociedade", afirma.

Para isso, professores da língua de sinais devem dar aulas aos ouvintes e incentivar trabalhos em grupo. Foi o que aconteceu em Irará, cidade de 25 mil habitantes a 128 quilômetros de Salvador. A EM São Judas Tadeu começou a receber surdos em 2005. Além dos professores, as turmas em que os deficientes auditivos são matriculados recebem noções de libras. "As crianças aprendem rápido e, em vez de ficar com preconceito, logo ajudam os professores a entender o que os colegas surdos dizem", explica o diretor da unidade, Márcio Jambeiro.

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Vídeo sobre o SIV - Serviço de Intermediação por Vídeo

Acesse este endereço e conheça como funciona o SIV.

http://www.youtube.com/watch?v=kjMr9omegIc

Texto " O fim do isolamento dos índios surdos"


O fim do isolamento dos índios surdos

Conheça o desafio das escolas indígenas em educá-los na língua portuguesa, no idioma da aldeia, na linguagem de gestuais própria da tribo e na língua brasileira de sinais

Amarildo é surdo e se comunica na escola por meio de quatro linguagens diferentes.

Amarildo Inácio, índio da etnia caingangue, tem 15 anos e desde 2004 está vivendo uma experiência bastante rica: estudar de verdade.

Até então, a Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre, em Ipuaçu, a 511 quilômetros de Florianópolis, onde está matriculado desde a 1ª série, não tinha uma política de inclusão de alunos com deficiência. Com surdez total em um ouvidoe parcial em outro, o garoto estava lá fazendo número, sem aprender. Amarildo sempre tentou se comunicar com os demais membros da aldeia, mas ninguém o entendia. Além de não conseguir pronunciar bem as palavras, misturava dois idiomas – o português e o caingangue. Seus gestos eram compreendidos por poucos e, durante muito tempo, ele foi considerado um deficiente mental.

Há três anos, a surdez do garoto e de outras sete crianças da tribo foi identificada, levando a gerência regional da Secretaria de Educação de Santa Catarina aimplantar um programa pedagógico paraatender às necessidades do grupo. “Foi muito difícil estabelecer uma comunicação mínima com os estudantes no início do processo. Primeiro, tive de conquistar a confiança deles”, conta Marisa Giroletti, pesquisadora na área de processos inclusivos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Conteúdo relacionado

Reportagens

Vídeo

Sequências didáticas

O Ministério da Educação (MEC) não informa quantos dos 163 693 indígenas matriculados na rede pública têm deficiência auditiva – entre os não-índios são 15 mil. Sem uma política nacional paraatendê-los, cada comunidade encontra suas próprias soluções para levar esses estudantes a avançar na aprendizagem. Em 2001, com a aprovação do Plano Nacional de Educação, as escolas indígenas conseguiram garantir a identidade cultural e lingüística de suas populações por meio de um currículo diferenciado. Das 2 323 escolas indígenas existentes no Brasil, 1 818 já oferecem Educação bilíngüe.

Preconceito cultural

A inclusão de crianças com deficiência, um dos maiores e mais complexos desafios nessa área, no entanto, está só começando, como mostra a experiência da Escola Cacique Vanhkre. Lá, como em outras populações do país, a dificuldade em colocar a criança deficiente estudando com as demais encontra barreiras na própria família. “Os deficientes geralmente são encarados como um impedimento à sobrevivência de um povo. O trabalho da equipe pedagógica é imenso para convencer os pais a permitir o convívio deles com outras pessoas da comunidade”, explica o antropólogo Giovani José da Silva, especialista em Educação Indígena, de Campo Grande. No passado, era comum que, tão logo fosse detectada na criança indígena alguma característica diferente das apresentadas pelo restante do grupo, ela fosse abandonada e até morta. Ainda hoje, em muitos casos, ela é afastada do convívio social e não estuda.

Vencida a barreira imposta pela família e pela cultura, e incluída a criança na escola, o próximo passo é garantir a aprendizagem dela. Amarildo esperou bastante tempo para que isso ocorresse. Imagine a dificuldade enfrentada por seus professores para se comunicar com ele. Como fazer com que um aluno assim aprenda de verdade e tenha os mesmos direitos assegurados aos outros estudantes?

O desafio levou a pesquisadora Marisa a aldeias caingangues. O objetivo dela era fazer com que crianças e jovens conhecessem a língua brasileira de sinais (libras), já que não conseguiu identificar uma linguagem de gestos própria naquele povo. “Com o passar do tempo, porém, percebi que havia sinais compartilhados pelos surdos da comunidade. Nós é que precisávamos conhecer o gestual para melhorar a comunicação e levar os surdos a avançar na aprendizagem.” Amarildo e seus colegas, portanto, tinham uma maneira de se comunicar que precisava ser valorizada.

Essa experiência está contida na pesquisa de mestrado de Marisa. Nela, é identificado e registrado para fins educacionais o que se convencionou chamar de sinais kaingang da aldeia (SKA), uma linguagem gestual e visual que está em formação e pode se consolidar como língua. O glossário já tem cerca de 50 termos, mas isso é apenas o início de uma pesquisa sobre a comunicação local. A sobrevivência do SKA vai depender de uma política lingüística que incentive a sua manutenção e das condições sociais, como o contato entre os surdos. “É da natureza desse tipo de expressão se misturar a outras e caminhar para uma consolidação cada vez mais complexa ou morrer”, explica a lingüista Ronice Müller Quadros, coordenadora do curso de libras da UFSC. Além de libras, há apenas mais uma língua de sinais oficial no Brasil, a da comunidade urubu-kaapor, que vive no sul do Maranhão.

A prática escolar

MUITAS LINGUAGENS


A professora Sonimara, com a ajuda de um instrutor de libras, dá aula em escola da aldeia.

Assim que a equipe da Escola Cacique Vanhkre percebeu a existência de sinais locais, Sonimara da Silva, professora bilíngüe (português e libras), teve grande preocupação em aprendê-los e incorporálos à comunicação com as crianças surdas. “Elas mesmas nos ensinam os gestuais. Passamos a utilizá-los no dia-a-dia, paralelamente à libras”, explica. O interessante é que a turma distingue perfeitamente a língua brasileira de sinais e o SKA. Isso garante o diálogo com surdos dentro e fora da aldeia.

A professora é também regente da sala especial – que tem sete alunos e é multisseriada. Ela alfabetiza as classes em português e trabalha em parceria com um professor de caingangue (em que as crianças também aprendem a ler e escrever) e com um instrutor de libras.

Todos sabem os sinais locais e mantêm contato permanente com Marisa, criando estratégias para compartilhar o conhecimento. Amarildo já passou pela sala especial e está concluindo a 6ª série. Existe uma corrente favorável à freqüência de surdos em salas regulares desde a Educação Infantil e outra que sugere a matrícula deles em salas especiais ao menos até se alfabetizarem. “Isso não é definido pelo Conselho Nacional de Educação e não há consenso sobre a questão”, explica Daniela Alonso, selecionadora do Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10 na área de Educação inclusiva. Na Cacique Vanhkre, a experiência tem trazido resultados positivos. “Antes da criação da sala especial e da sala de recursos na escola, as crianças com deficiência auditiva vinham apenas para passear”, conta Sonimara. Hoje elas dominam dois idiomas, mais as linguagens de sinais, e se saem muito bem quando passam para a 5ª série.

Amarildo já escreve em caingangue e em português e se destaca na turma ao lado de uma colega surda, Silvana Fragoso, de 17 anos. Os resultados dos dois são evidentes. Durante um projeto de Ciências sobre ervas medicinais, eles foram aos arredores da escola colher as plantas mencionadas em aula. A proposta deu oportunidade a Amarildo e a Silvana de batizarem as hortaliças, para as quais não havia sinais correspondentes em libras. Depois, em grupo com os demais colegas, eles confeccionaram cartazes sobre os usos medicinais das espécies e fizeram uma apresentação na feira cultural. “A turma toda, pela convivência com os dois, já domina sinais suficientes para se comunicar com eles”, conta a professora.

Formação de professores

FORMAÇÃO EM LIBRAS


Professores de escolas indígenas de Dourados aprendem como se comunicar em libras.

A experiência de Ipuaçu guarda semelhanças com a das aldeias bororó e jaguapiru, na reserva de Panambizinho, em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande. Lá vivem índios guaranis-caiovás. Nessa região, porém, há uma preocupação a mais na construção de uma escola inclusiva: a de que os professores e intérpretes sejam índios da própria comunidade. Existem hoje no município três ações paralelas de capacitação docente: um curso de libras para professores indígenas (que a partir de 2008 serão os intérpretes nas escolas), a formação de uma profissional (que servirá como multiplicadora) no curso a distância de Atendimento Educacional Especializado oferecido pelo MEC e a participação de educadores da comunidade na licenciatura indígena da Universidade Federal da Grande Dourados, que também discute a inclusão em seu currículo. “A idéia é que membros da comunidade atuem no processo educativo, inclusive no que diz respeito à inclusão e no reconhecimento dos gestuais locais”, diz Elza Pedrozo, coordenadora de Educação especial do município.

Antes que esses profissionais se formassem, porém, a Secretaria Municipal de Educação iniciou, em 2006, o trabalho de inclusão de cinco surdos em duas escolas: a EM Indígena Agustinho e a EM Indígena Tengatuí-Marangatú. Para que o processo ocorresse a contento, a primeira medida foi contratar intérpretes de libras – já que ali não havia uma língua de sinais local identificada.

Para aprimorar o reconhecimento o registro dos “sinais caseiros” – termo usado no caso de línguas emergentes –, a lingüista Shirley Vilhalva trabalha no local. “É fundamental que se considere essa forma de comunicação como um elemento cultural,mesmo que ainda não se saiba o seu grau de complexidade e elaboração dos signos”, afirma a pesquisadora. O que está em jogo nesse caso, de acordo com ela, é a identidade de um povo, contida nas marcas típicas de sua expressão oral ou não.

Tanya Felipe, professora da Universidade Estadual de Pernambuco e coordenadora do Programa Nacional Interiorizando a Libras, ligado ao MEC, defende a decisão tomada em Dourados e Ipuaçu. Para ela, antes de aprender conteúdos do currículo, as crianças devem adquirir uma primeira forma de expressão e, se não houver uma comunicação por sinais na comunidade em que vivem, a libras cumprirá esse papel. A questão é polêmica, mas o que é ponto pacífico entre os especialistas é a necessidade de sistematizar e incorporar os gestos criados pela população local no cotidiano, legitimando essa forma de comunicação. “É importante que a língua de sinais seja estimulada pelos intérpretes e professores da escola. As crianças apoiam a utilização dessa expressão”, afirma Ronice, da UFSC. A valorização desse saber local, da identidade lingüística e de sua inclusão no currículo é o que garante a diversidade cultural das escolas indígenas.

Libras não é a única

Há cerca de 180 línguas e dialetos indígenas no Brasil. O guarani, por exemplo, tem mais de 30 mil falantes, e outras, como o ianomami e o caingangue, contam com mais de 5 mil usuários. A única língua indígena de sinais reconhecida, porém, é a da comunidade urubu-kaapor, no sul do Maranhão. O povo dessa localidade remota na região amazônica tem elevada incidência de pessoas surdas (uma em cada 75) e desenvolveu uma forma própria de comunicação por sinais que começou a ser estudada na década de 1960 pelo pesquisador canadense James Kakumasu e em seguida pela professora brasileira Lucinda Ferreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma característica interessante desse caso é que toda a comunidade domina os gestos, permitindo que exista a comunicação fluente entre ouvintes e surdos. “Trata-se de uma língua com o uso social de modo pleno”, afirma Ayron Rodrigues, da Universidade de Brasília. “Em uma aldeia de 60 pessoas, por exemplo, todos se comunicam com as pessoas surdas. Elas não constituem
uma comunidade à parte.” Mas, nas escolas, a inclusão das crianças com deficiência auditiva ainda caminha a passos lentos.
Não se tem notícias de outro caso no Brasil de uma comunicação análoga à de sinais urubu-kaapor – também pelo fato de os estudos na área serem muito recentes. Um primeiro passo, no entanto, foi dado com a criação do Inventário Nacional de Diversidade Lingüística, que será encabeçado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O projeto visa coordenar o estudo de diversas línguas minoritárias no país – as de sinais, inclusive. É um trabalho e tanto, haja vista que a cada duas semanas um idioma se extingue no mundo – segundo levantamento feito pelo projeto Enduring Voices, da revista National Geographic –, levando com ele histórias e saberes.

Quer saber mais?

CONTATOS
EM Indígena Agustinho
, Rod. MS-162, Reserva Indígena Bororó, 79823-000
EM Indígena Tengatuí-Marangatú, Rod. MS-156, Reserva Indígena Jaguapirue Panambizinho, 79823-000, Dourados, MS,tel. (67) 9633 -9932
Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre, Posto Indígena Xapecó, 89832-000, Ipuaçu, SC Marisa Giroletti,
marisasr2002@yahoo.com.br Shirley Vilhalva, shivi323@hotmail.com

Internet
Acesse
www.nationalgeographic.com/mission/enduringvoices/ para conhecer o programa da revista National Geographic que mapeia as línguas em desaparecimento

PRODUTOS PARA SURDOS DIPONÍVEIS NO MERCADO

Produtos

Telefone para surdo ligado ao computador
O TSPC trata-se de um dispositivo que, ligado ao computador, efetua ligações destinadas às pessoas surdas e com dificuldades da fala.
Este produto é pioneiro no Brasil, tendo tecnologia 100% nacional, que ligado ao computador e a uma linha telefônica analógica, efetua e recebe ligações.
O software TSPC poderá ser instalado somente em computadores com os seguintes sistemas operacionais: Windows 98 Second Edition, Windows ME, Windows 2000 e Windows XP.
O TSPC possui secretária eletrônica, histórico de ligações, discagem rápida para 10 números telefônicos, mensagens personalizadas, agenda telefônica com limite máximo de 999 contatos gravados, e pode efetuar ligações para: outros modelos TSPC, Surtel, CISO (Central de Intermediação Surdo Ouvinte) e Telefone Público para Surdo.

TS - Telefone para Surdo
Este aparelho se comunica com outro igual através de linha telefônica. Possui teclas para envio de mensagens que serão recwebidas por outro aparelho idêntico. Possui visor que possibilita a leitura da mensagem. Hoje algumas operadoras disponibilizam a Central de Atendimento ao Surdo, para facilitar a comunicação do Surdos com demais aparelhos.


Alertas Luminosos
Os Surdos utilizam dispositivos luminosos em campanhias,telefones como (TS) e em bábas eletrónicas. Ex.: Quando apertar a campanhia da casa de uma pessoa Surda, o dispositivo acenderá, dessa forma o Surdo sabe que tem alguém em sua porta.



Relógio de Despertador Vibratório
Muito utilizado pelos Surdos, principalmente em baixo do travesseiro, pois ele vibra no horário escolhido para dispertar.

Relógio de Pulso Vibratório
Relogio de pulso com vibrados de compromisso, quando configurado para tal.

Babá luminosa para Surdos
Funcionamento:
Instalar ALERT LUZ Baby até 3 metros do bebê e regulara sensibilidade do som ambiente no botão frontal.
OBS.: Enquanto o bebê estiver chorando o ALERT LUZ receptor piscará continuamente.

Aparelho televisor com legendas.

Aparelho celular com o recurso de envio e recebimento de mensagem.


Protetores de ouvido
Os equimentos de proteção auditiva apresenta soluções para diminuir os riscos ruídos, proporcionando uma maior segurança e conforto para o trabalhador.

Existem protetores de ouvido específicos para a prática da natação. Esses não têm função específica de prevenir ruídos, mas de impedir a entrada de água no ouvido. Entretanto, a maior parte dos protetores de ouvido é mesmo utilizada como forma de prevenir a surdez.


Torpedo Rybená
O Torpedo Rybená é um serviço que permite receber e enviar mensagens de texto na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
- Surdos (Pessoas com Necessidades Especiais – auditivos ou com baixa audição) poderão através da animação de imagens no celular se comunicar em LIBRAS, como também visualizar as mensagens recebidas em texto.
- Ouvintes
poderão enviar Torpedos Rybená que serão convertidos para LIBRAS viabilizando dessa forma a comunicação através do uso de duas línguas (Português x LIBRAS) de forma transparente e não tutelada.

Eli - Bluetooth
O Eli é o menor dispositivo de áudio Bluetooth no mercado, com as dimensões de 27 mm x 16 mm x 11 mm e peso de 5,2 gramas. Possui três pinos que se conectam a qualquer aparelho auditivo retroauricular com a sapata da entrada direita de áudio;

O aparelho oferece comunicação digital bidirecional entre um telefone celular digital com Bluetooth e um aparelho auditivo. Considerando que o sinal transmitido entre estes dispositivos é digital, não está sujeito às mesmas fontes de interferência de outros tipos de transmissão sem fio, como transmissão FM analógica ou transmissão indutiva analógica. É muito fácil de usá-lo. Ao receber uma ligação, o toque é ouvido no próprio aparelho auditivo via Eli ao invés do telefone celular. Para atender, o usuário simplesmente aperta o botão do módulo. Se a pessoa que ligou desligar, o Eli reconhece que a ligação terminou e desconecta automaticamente.


Máquinas de tradução para surdos-mudos


Você sabe a linguagem dos sinais para surdos-mudos? Como se comunicam com os surdos-mudos? O Instituto da Tecnologia Informática da Academia de Ciências da China pesquisou com sucesso um sistema de distinção e síntese da linguagem dos sinais que ajudam os surdos-mudos a falar e entender o que dizem as pessoas normais. No programa de hoje, vamos conhecer este sistema.

Jornalista: “Olá!”
Som sintético: “Olá!”
Jornalista: “Muito prazer em conhecê-lo!”
Som sintético: “Eu Também.”
Jornalista: “O que gosta de fazer no cotidiano?”
Som sintético: “Gosto de ir às compras, viajar e ver desenhos.”

Este diálogo foi realizado entre um jornalista e Ma Yan, uma menina surda-muda. Ele foi concretizado através do sistema de distinção e síntese da linguagem dos sinais, constituído por um computador e um par de luvas.
O sistema transforma a linguagem dos sinais para som e vice-versa. O processo da transformação dura apenas alguns segundos, por isso, o intercâmbio entre eles foi fluente.
O catedrático, Chen Yiqiang, que participou da pesquisa, disse a nosso jornalista que o par de luvas é essencial na tradução da linguagem dos sinais em som para o mandarim.
“O sistema pode distinguir com precisão os gestos das mãos e transformar os mesmos lem sinais digitais que serão processados pelo computador e transformados para textos e sons”.
Segundo Chen, a boa função das luvas se deve aos 18 sensores e 1 dispositivo de posicionamento nelas instaladas. Os dispositivos oferecem sinais para o computador de acordo com os gestos das mãos. O sistema tem uma grande precisão e possui um vocabulário de mais de 5.000 palavras da linguagem dos sinais.
Anel com alarme vibrador - Será útil para pessoas com deficiência auditiva?
A proposta do designer Meng Fandi que criou um despertador em forma de anel que desperta (vibrando) em hora programada em uma base remota onde os mesmos podem ser reprogramados.Segue o link da página do designer e das fotos do aparato: coroflot ou no site http://gizmodo.com/gadgets/design-concept/ring-the-vibrating-alarm-276664.php